sexta-feira, 29 de abril de 2011

Os nossos pingos querem brincar!


   Há uma semana, eu estava passeando na pracinha que fica aqui perto de casa, quando vi uma cena que me marcou muito, um menino que devia ter mais ou menos uns 10/11 anos, que estava vendendo bombons e cigarros em um tabuleiro, essa é uma cena bem comum de se ver por aqui, mas o que me chamou a atenção não foi só o fato de ele está vendendo, mas também porque ele estava parado, olhando as outras crianças que estavam brincando, com um olhar de que também queria estar naquele meio... Se nós formos parar pra reparar em todas as cenas que vemos diariamente, iríamos descobrir que muita coisa está errada... Desde quando é normal uma criança ficar até tarde da noite vendendo bombons e CIGARROS? E a partir de que lei foi permitida a venda de cigarros para crianças?
    Desde cedo essas crianças estão sendo obrigadas a assumir um papel que jamais deveria ser delas, e os pais dessas crianças, o que estão fazendo nesse intervalo de tempo? Será que estão se expondo com um tabuleiro amarrado no pescoço? É muito mais comovente vê uma criança vendendo de que um adulto, logo as crianças têm mais facilidade de venda, e justamente por isso elas são “usadas” para esse tipo de atividade.
    O que mais indigna é o fato de existirem tantas leis que teoricamente acolhem os menores, e quando eles mais precisam onde elas estão? Onde está o conselho tutelar? Eles devem está preocupados somente em fazer vistorias em boates e bares, pra ver se não tem nenhum filhinho de rico bebendo ou se drogando, não que esse tipo de vistoria não deixe de ser importante, mas o fato de um menor entrar em uma festa causa muito mais espanto na sociedade, do que quando passamos e vimos várias crianças se amontoando uma em cima das outras, disputando um pedaço de papelão ou um tubo de cola de sapateiro, em alguma esquina da cidade, essas crianças são tão fragilizadas, e nós ainda as descriminamos, e as tratamos com nojo, não queremos os nossos filhos perto delas, e no fim ninguém ao menos se pergunta quem são os pais delas? Será que elas têm casa?  Ou como essas crianças vieram parar aí? Tem tantos casos que merecem mais urgência, e que simplesmente são deixados de lado...
    A cada dia que passa, as nossas crianças estão sendo coisificadas. Hoje é comum uma menina de 12/13 anos passar pela rua, e ouvir um bando homens assobiando, ser chamada de “gostosa”, eu falo isso porque quando eu tinha essa idade,  já sofria com esse tipo de situação, que só ocorre com nós mulheres... As meninas sempre são as maiores vítimas desses abusos, pois são usadas de todas as formas, de empregadas domésticas a prostitutas. Quando eu morava em Fortaleza-CE, sempre me deparava com cenas de meninas se prostituindo, se drogando, roubando... E uma cena que me marcou muito, foi quando eu e minha mãe estávamos andando pela feirinha de artesanato, e vimos umas três meninas seguindo uns estrangeiros, elas ficavam rindo, e comentando coisas sobre eles, como se estivessem a procura de um programa... Em Fortaleza é bem mais fácil de resolver esses problemas, pois o conselho tutelar sempre ficava rodeando essas crianças, porém elas não podem ser levadas a força para o abrigo, e enquanto isso elas ficavam jogadas na rua, a mercê de um bando de homens (principalmente estrangeiros). Diferente do Estado onde eu vivo, pois o Pará é considerado o Estado com o maior índice de exploração sexual infantil do Brasil, pois unindo o fato de ser o segundo maior Estado em extensão territorial, e a precariedade dos conselhos tutelares, dificulta a descoberta desses tipos de atividades, que pra piorar, geralmente são praticadas pelos interiores...
    O desrespeito com as nossas crianças interfere diretamente no futuro do nosso país, pois são eles que tomarão conta dele nos próximos anos... E qual individuo que é explorado desde pequeno conseguirá ser um profissional de destaque? São gotas no oceano os que conseguem... Os nossos pingos de gente querem brincar, rir, correr, dormir, cair, levantar, eles querem viver a vida sem preocupação, como eu vivi a minha quando era criança,e como você que está na frente do seu computador lendo essa matéria provavelmente viveu...
    Você sabe, porém prefere esquecer que nesse exato momento em alguma parte do mundo, há várias crianças vendendo bombons em semáforos, pracinhas, praias, ônibus, há meninos trabalhando em carvoarias, pedreiras, trabalhando nas fábricas da China, há meninas trabalhando como empregadas, há meninas deitadas em camas de motéis... Será que essas crianças estudam? O que aconteceria se eles se negassem a vender, trabalhar, se prostituir, será que eles seriam espancados por seus pais? Será que eles estão com fome? Será que eles são felizes assim? Quem se importa? Quem vai se importar, se os próprios pais nem ligam? E o governo? E eu? E você? Se coloque no lugar de uma dessas crianças, seja um pequeno vendedor em um ônibus, seja uma prostituta, você consegue se imaginar nos seus 12/13 anos deitada (o) em uma cama com um homem que você nunca viu, e não verá nunca mais?
Falar é muito fácil, eu falo, você já deve ter falado, a tv fala, e o resto do mundo vai continuar falando e ignorando...É por isso que isso vai sempre ocorrer, porque ninguém é capaz de ao menos se colocar no lugar de uma criança que vende ou se vende...


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Verduras animais

     Há umas duas semanas atrás, uma das minhas professoras de introdução as ciências agrárias passou um documentário para a minha turma assistir, e o que me chamou atenção logo de cara, foi o título: “A carne é fraca”. O documentário foi produzido pelo instituto Nina Rosa, e retrata a realidade vivida nos atuais criadouros de animais que são destinados ao abate. A maioria das pessoas ainda não tem conhecimento da forma de como são tratados os animais, porém o documentário serviu muito bem pra explicar de forma bem realista, o triste tratamento que os destinam.

    Nas cenas que são destinadas aos frangos, os pintinhos são tratados como verduras,que você olha, seleciona as melhores e descarta no lixo as podres, e acredite, tudo isso acontece literalmente...Eles são jogados ainda vivos, em uns grandes cestos de lixo junto com as cascas e os outros pintinhos que não sobreviveram... Depois de “selecionados”, eles são levados pra salas onde são amontoados em caixas, que ficam umas sobre as outras, algo que é totalmente sufocante, lutando para conseguir respirar... E não acaba por ai não...Você se lembra daquela velha música: “ meu pintinho amarelinho,cabe aqui na minha mão, na minha mão...” ? Pois sim, você sabe por que eles ficam amarelinhos? Não? Pois bem, é porque nessas salas onde eles ficam sufocados, há a liberação de formol, e por causa da inalação desse gás, eles adquirem cor... E tudo isso porque se eles forem amarelinhos, vão chamar mais atenção do consumidor.
       As aves ficam em total stress, pois  são mantidas em gaiolas minúsculas, com luzes acesas para que possam passar na noite comendo rações com hormônios, para engordarem e  por mais ovos.
      Se as galinhas sofrem, agora imagine os bovinos, que começa desde o nascimento, onde eles são logo separados de suas mães...
      Há um tipo de produção de carne especial, que são os famosos “baby beefs”, ela é oriunda dos bezerros desmamados, que são separados de suas mães. Essa é uma parte muito emocionante do documentário, pois um dos convidados relata que o que fez ele deixar de trabalhar nesse sistema, foi quando ele estava embarcando os bezerros no caminhão, e quando o caminhão saiu, as vacas começaram a seguir o veículo, como se estivessem tentando buscar seus filhotes... Os bezerros são levados para outros locais, onde são presos, com correntes no corpo, dentro de gaiolas muito pequenas, para que não possam se mexer, justamente para não criarem músculos, pois uma das características dessa carne é a maciez. Nesses locais, eles ficam no total escuro, e passam o dia inteiro tomando leite, para ficarem anêmicos, e a carne ficar branca, um dos fatores atrativos dos “baby beef”.
     Nessas fazendas especializadas em produção de leite, os criadores injetam hormônios nas vacas, que fazem aumentar até 20% da produção de leite, fazendo com que as tetas fiquem muito inchadas, o que causa infecções internas, e esses problemas são tratados com remédios, que ao serem injetados, caem direto na corrente sanguínea, e  interferem na qualidade do leite. Ou seja, o leite que você toma no seu café da manhã, pode está misturado com remédios e hormônios.
      Os bois além de tomarem doses cavalares de hormônios, ainda passam por um stress muito grande na hora do abate. Eles são colocados em fileira, dentro de um corredor minúsculo,que leva até a uma entrada, e ao passarem por lá,uma pessoa que está do outro lado dá um tiro na cabeça do boi, com uma espécie de pistola, que entra até o cérebro, e volta. O boi cai e é levado para o sangramento, e enquanto isso os bois que estavam atrás, ficam estressados,pois percebem o que está acontecendo,sabem que vão morrer, fazendo com que a pupila deles se dilatem, e ocorra a liberação de enzimas tóxicas na corrente sanguínea,o que interfere diretamente na qualidade da carne,fazendo-a enrijecer.
      Eu não sou vegetariana, e nem pretendo mudar a minha educação alimentar, mas o documentário foi de extrema importância, pois muitos dos processos utilizados nessas fazendas, são de total desconhecimento da população, assim ele “abre os olhos”do consumidor, principalmente daquele que imaginava que os animais eram criados livres.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Senhores passageiros...

  Andar de ônibus sempre foi uma necessidade minha,mas  nunca passou pela minha cabeça que começaria a ser um problema...
  Ultimamente eu venho dependendo mais de ônibus,pois  me mudei pra mais longe,e sofro todo dia com a ida e volta pra casa.No ônibus você tem que lidar uma espécie muito estressante de pessoa, as que acham que são DJ’s e, pior ainda, acham que o ônibus é uma boate, e os passageiro estão todos dançando loucamente,e curtindo a MERDA da música que eles estão ouvindo...E para completar,tem vezes que vem mais de uma pessoa ouvindo música,parece que eles estão em uma disputa de aparelhagens...Eu já vim em um ônibus onde tinha umas 3 pessoas ouvindo músicas diferentes ao mesmo tempo com o som altíssimo,e sem contar que o som do ônibus ainda tava ligado, e tava tocando baile da saudade...

   É impossível de esquecer aquelas pessoas que sonham diariamente que estão se apresentando no ídolos, e fazem questão de por um sertanejo universitário no pra tocar no celular no ultimo volume,e claro,acompanhar a música,cantando bem alto,com a certeza que será eliminada do programa...
   Andar de ônibus requer de você não só paciência, mas também um pouco do seu lado psicólogo, pois às vezes você é obrigado a ouvir cada conversa por ai... Uma vez eu vinha em um ônibus que ia de Belém para Mosqueiro (1:30 Hrs de viagem), quando sentou um casal “tecnobrega” atrás da minha poltrona,e como um legítimos bregueiros, fizeram questão de ligar o celular, e colocar o tradicional brega pra tocar...Até ai tudo bem, mais a coisa começou a piorar quando eles começaram a conversar sobre a tragédia no Japão,daí o assunto pulou para fim do mundo em 2012,até que a conversa chegou em religião.Eu me lembro bem do diálogo, pois eu já estava com a idéia de escrever sobre esse assunto no blog,e ai vai:

Bregueiro: Égua mana, toda vez que eu chego em casa,e to batendo meu banho, dou uma rezada, pra agradecer pra Deus,ta ligada?

Bregueira:É...Tá certo! Eu tinha até parado de rezar, mas eu vou voltar.Vou até falar com a mamãe, pra ela me arranjar uma bíblia,porque a minha eu nem sei mais onde está...

Bregueiro: É, a gente tem que se preparar,o fim do mundo ta chegando e,a gente tem que ir de mente limpa...
(...)

   Outra coisa que não pode faltar nos ônibus são os nossos tradicionais vendedores ambulantes, que sempre estão circulando no coletivo mais próximo de você. Eles vem de todas as partes, e até de outras cidades, só para trazer o conforto para você saborear uma balinha ice kiss por apenas 10 centavos a unidade.O que me chama mais atenção é a forma que cada um tem de se expressar ,as várias formas que o vendedor tem de convencer o cliente a comprar seus produtos.Tem uns que falam tão baixo que não dá nem pra perceber a presença dele no ônibus, outros simplesmente repetem a mesma frase umas trezentas vezes por dia,e acabam ficando que nem um gravador ligado,que simplesmente não faz nenhuma diferença...Eu nunca me esqueço de um vendedor de picolé que subiu no ônibus que eu estava.Ele tirou um picolé do isopor e, começou a come-lo,e fazia uma cara de prazer,e ia dizendo o quanto estava bom,que o picolé dele era diferente,que era feito com muito mais leite,que era muito mais saboroso,e depois disse que custava “apenas” 50 centavos...No fim de tudo, até eu que nunca compro picolé em ônibus, acabei comprando...Ele deve ter vendido uns 8 picolés,quando o normal é se vender 2,no máximo 3 por coletivo...
Motoristas
   Os nossos belíssimos motoristas às vezes “esquecem” que você puxou a cordinha, a duas paradas atrás,e simplesmente você tem que ficar batendo na droga da caixinha que fica em cima da porta, até que você resolve xingar até a 5° geração dele, e felizmente ele resolve parar há umas 3 quadras da parada em que você queria descer, e você tem que ir andando de noite, e ainda ter que sair desviando dos ladrões do canto da quadra seguinte...Mas felizmente você descobre que eles não são ladrões, eles só estavam ouvindo  brega no celular,  andando de bicicleta ,usando um boné baixo, com um colar do super pop...
   É amigo, a vida de passageiro é triste, compre um carro e contribua pro aquecimento global...

"Pega ladrão!"

“Pega ladrão!” Basta dizer essas duas simples palavras que Belém inteira se levanta!Pessoas brotam do chão,crianças,idosos,adultos,cachorros,gente que não tem nada a ver com a situação chega com pau,pedra,perna manca,tijolo,qualquer tipo de objeto capaz de causar um belo traumatismo craniano.Foi assim que aconteceu comigo na 2ª vez em que fui assaltada.Tinha uma tiazinha que estava assistindo o mal elemento me assaltar,e de repente ela falou as duas palavras mágicas: “pega ladrão”,foi quando me virei pra olhar pra ela,e vi um homem dando um salto do muro da casa dele com um pau na mão,parecia coisa de cinema,eu fiquei impressionada, égua do salto lindo! Pena que eu fiquei nervosa e entreguei o celular pro bandido,e não deu tempo do povo”passar o sal”nele...Ô sorte!
Uma das novas modas de Belém é o linchamento ,o que já não é nenhuma novidade, e já contagiou o “povão”.Com o aumento da criminalidade e a carência de um bom policiamento,Belém vem se tornando o palco de uma “guerrilha” sem fim,onde de um lado está a população junto com a polícia,e de outro tem a bandidagem,que ultimamente parece está brotando do asfalto,e a única maneira que a população encontra pra se defender e na base da porrada.Quando ocorre esse tipo de “manifestação”,a população se reúne, e vem gente de todos os cantos,pessoas param o carro pra ver,pessoas com celular fazem questão de registrar cada cena,é um verdadeiro show de horrores a céu aberto,é como se nós estivéssemos na Idade Média, assistindo a queima das bruxas.Esse ato já ta tão comum,que ninguém pensa que é mais uma vida que será ceifada.
Eu me lembro quando eu vi pela primeira vez um linchamento...Estava vindo do colégio,em horário de almoço,e nesse horário geralmente é soturno...Quando eu vi um vulco-vulco,pessoas correndo atrás do ladrão até que o seguram ...Ele tinha entrado na casa de uma mulher e roubado a sua bicicleta.De repente a mulher apareceu com um pedaço de ferro,e começou a bater na cabeça do meliante.Foi desesperador,pois eu não sou a favor desse tipo de ato,mas ainda bem que a mulher só queria dar umas tacadas,pois logo liberaram o ladrão...
A minha indignação vem dês do dia em que li uma manchete de jornal,que dizia que um taxista foi lixado,após ter seu carro roubado.Os ladrões que estavam no carro começaram a gritar o nosso velho “pega ladrão”,e acusaram o taxista de ser o assaltante,a população não pensou duas vezes em linchá-lo,no outro dia estava a cara do pobre trabalhador estava estampada em todos jornais...E a população não devia também ter recebido uma pena?
Outra que também me indignou foi um vídeo que um amigo do colégio me mostrou,onde passa detalhadamente o linchamento de um sujeito que supostamente tinha roubado e matado um homem em Curuçá,e no fim de tudo ainda queimaram o homem vivo.As cenas eram tão chocantes,que eu fiquei com as imagens na cabeça durante uma semana...
Não é difícil entender o ódio que a população sente. Quem não fica indignado em comprar um celular novo,onde você vai parcelar de 10 vezes sem juros no cartão Y.Yamada (gente boa),e lá na esquina da sua casa vem um sujeito,de bicicleta,boné,kenner,e um cordão do “Super Pop” (que não pode faltar),na maior cara de pau,te roubar e ainda te chama de filho da puta? Dá vontade de matar um ser desse! Mas não é assim que devemos fazer justiça. Quem deveria resolver esse problema eram os nossos policiais, que no fim das contas só fazem um boletim de ocorrência, como se isso fosse trazer os nossos bens materiais de volta...
Por causa da falta de policiais,a população está se revoltando,e enquanto isso,mais vidas serão pedidas,e no fim, quem realmente será punido,a população?Os ladrões? Ou a polícia? Alguém tem que tomar as providencias...