quarta-feira, 20 de abril de 2011

Verduras animais

     Há umas duas semanas atrás, uma das minhas professoras de introdução as ciências agrárias passou um documentário para a minha turma assistir, e o que me chamou atenção logo de cara, foi o título: “A carne é fraca”. O documentário foi produzido pelo instituto Nina Rosa, e retrata a realidade vivida nos atuais criadouros de animais que são destinados ao abate. A maioria das pessoas ainda não tem conhecimento da forma de como são tratados os animais, porém o documentário serviu muito bem pra explicar de forma bem realista, o triste tratamento que os destinam.

    Nas cenas que são destinadas aos frangos, os pintinhos são tratados como verduras,que você olha, seleciona as melhores e descarta no lixo as podres, e acredite, tudo isso acontece literalmente...Eles são jogados ainda vivos, em uns grandes cestos de lixo junto com as cascas e os outros pintinhos que não sobreviveram... Depois de “selecionados”, eles são levados pra salas onde são amontoados em caixas, que ficam umas sobre as outras, algo que é totalmente sufocante, lutando para conseguir respirar... E não acaba por ai não...Você se lembra daquela velha música: “ meu pintinho amarelinho,cabe aqui na minha mão, na minha mão...” ? Pois sim, você sabe por que eles ficam amarelinhos? Não? Pois bem, é porque nessas salas onde eles ficam sufocados, há a liberação de formol, e por causa da inalação desse gás, eles adquirem cor... E tudo isso porque se eles forem amarelinhos, vão chamar mais atenção do consumidor.
       As aves ficam em total stress, pois  são mantidas em gaiolas minúsculas, com luzes acesas para que possam passar na noite comendo rações com hormônios, para engordarem e  por mais ovos.
      Se as galinhas sofrem, agora imagine os bovinos, que começa desde o nascimento, onde eles são logo separados de suas mães...
      Há um tipo de produção de carne especial, que são os famosos “baby beefs”, ela é oriunda dos bezerros desmamados, que são separados de suas mães. Essa é uma parte muito emocionante do documentário, pois um dos convidados relata que o que fez ele deixar de trabalhar nesse sistema, foi quando ele estava embarcando os bezerros no caminhão, e quando o caminhão saiu, as vacas começaram a seguir o veículo, como se estivessem tentando buscar seus filhotes... Os bezerros são levados para outros locais, onde são presos, com correntes no corpo, dentro de gaiolas muito pequenas, para que não possam se mexer, justamente para não criarem músculos, pois uma das características dessa carne é a maciez. Nesses locais, eles ficam no total escuro, e passam o dia inteiro tomando leite, para ficarem anêmicos, e a carne ficar branca, um dos fatores atrativos dos “baby beef”.
     Nessas fazendas especializadas em produção de leite, os criadores injetam hormônios nas vacas, que fazem aumentar até 20% da produção de leite, fazendo com que as tetas fiquem muito inchadas, o que causa infecções internas, e esses problemas são tratados com remédios, que ao serem injetados, caem direto na corrente sanguínea, e  interferem na qualidade do leite. Ou seja, o leite que você toma no seu café da manhã, pode está misturado com remédios e hormônios.
      Os bois além de tomarem doses cavalares de hormônios, ainda passam por um stress muito grande na hora do abate. Eles são colocados em fileira, dentro de um corredor minúsculo,que leva até a uma entrada, e ao passarem por lá,uma pessoa que está do outro lado dá um tiro na cabeça do boi, com uma espécie de pistola, que entra até o cérebro, e volta. O boi cai e é levado para o sangramento, e enquanto isso os bois que estavam atrás, ficam estressados,pois percebem o que está acontecendo,sabem que vão morrer, fazendo com que a pupila deles se dilatem, e ocorra a liberação de enzimas tóxicas na corrente sanguínea,o que interfere diretamente na qualidade da carne,fazendo-a enrijecer.
      Eu não sou vegetariana, e nem pretendo mudar a minha educação alimentar, mas o documentário foi de extrema importância, pois muitos dos processos utilizados nessas fazendas, são de total desconhecimento da população, assim ele “abre os olhos”do consumidor, principalmente daquele que imaginava que os animais eram criados livres.

3 comentários:

Mitri Hage disse...

Cara, acho que pra começar, os ditos 'humanos' deviam começar a perceber que os animais não são produtos... há várias formas de consumo dos bichos que às vezes nem percebemos: tem os animais de estimação, uso pra testes, vestimentas, pra entreter os homens e a alimentação mesmo... você acharia justo que uma pessoa fosse presa e 'treinada'(com tortura mesmo) pra que outras pessoas se divertissem com isso? Ou que os cabelos e pele do seu filho fossem arrancados pra fabricação de um tecido? São coisas absurdas mesmo.
Aconselho a assistir dois filmes, "A carne é fraca" e "Earthlings" os dois tem no youtube de graça pra ver, só esperar carregar, alias, o link de earthling: http://www.youtube.com/watch?v=ce4DJh-L7Ys com legenda em português...
Acho que se não pudermos conscientizar todo mundo contra fazer os animais de produtos, devemos ao menos conscientizar a nós mesmos e buscar o que a gente sente quanto a isso e se queremos mudar esse sentimento.
Eu pensei muito e por isso estou me tornando vegetariano, eu sozinho não sou muito nessa luta, mas pelo menos faço a minha parte pra diminuir o quanto posso dessa matança (não quero que ninguém vire vegetariano, esse foi só o meio que eu encontrei de fazer minha parte, há muitas outras maneiras se você procurar ou ser criativo!)
Beijo, Marci, ótimo post!

Blog da Lora by Glaci Pacheco disse...

Graças a Deus parei de comer carne há tempos,sou contra qualquer dependência insana mas ainda quero vir a ser vegana.Se tenho q evoluir quero continuar em frente,ser um ser melhor! Quando se olha com amor para todas as criaturas se desenvolve o respeito que traduzindo e cuidado e admiração.Nao precisamos mais disto!

RADAR - Rede de Defesa Animal disse...

mas depois de ter escrito tudo isso, continua carnívora? Juro que não entendi!!!
Faça-me um grande favor. Manda prá mim, se preferir por email (mcua@oi.com.br) o porque continuar comendo animais mortos com tanto sofrimento e sequer querer mudar esse seu posicionamento.
Será qu eles merecem tanto descaso assim?